O que é desenvolvimento rural?

O que é desenvolvimento rural?
Embora pareça desnecessário tal esclarecimento, a relativa ausência de debate
– acadêmico e político – abrangente e continuado no Brasil sobre desenvolvimento
rural, que apenas recentemente parece se impor, torna-se relevante, ainda que
sucintamente (e superficialmente), apresentar algumas diferenças conceituais. Sua
oportunidade é reforçada, por exemplo, por verificar-se a não existência, no Brasil,
de uma consolidada tradição de análise das políticas públicas para o mundo rural,
que investigasse amplamente as iniciativas dedicadas ao desenvolvimento rural
em nossa história agrária recente, não apenas com relação aos seus impactos, mas
igualmente quanto à sua racionalidade e estratégia operacional (no estilo dos
policy studies). O resultado é que há um conjunto de expressões sendo atualmente
utilizadas de forma intercambiável, malgrado seus distintos significados.
Neste sentido, a primeira expressão é desenvolvimento agrícola (ou agropecuário).
Aqui estaria se referindo exclusivamente às condições da produção
agrícola e/ou agropecuária, suas características, no sentido estritamente produtivo,
identificando suas tendências em um período de tempo dado. Refere-se, portanto,
à base propriamente material da produção agropecuária, suas facetas e evolução
– por exemplo, área plantada, produtividade, formatos tecnológicos, economicidade,
uso do trabalho como fator de produção, entre outros tantos aspectos
produtivos.
Outra expressão correlata, que engloba a primeira citada, bem mais ambiciosa
analiticamente (e assim sujeita a enormes controvérsias) é desenvolvimento
agrário. Normalmente, tal expressão refere-se a interpretações acerca do “mundo
rural” em suas relações com a sociedade maior, em todas as suas dimensões, e
não apenas à estrutura agrícola, ao longo de um dado período de tempo. Quase
sempre “meta-narrativas”, estudam as mudanças sociais e econômicas no longo
prazo, reivindicando uma aplicação de modelos teóricos entre países e regiões.
Sob tal expressão, as condições próprias da produção (o desenvolvimento agrícola)
constituem apenas uma faceta, mas a análise centra-se usualmente também nas
instituições, nas políticas do período, nas disputas entre classes, nas condições de
acesso e uso da terra, nas relações de trabalho e suas mudanças, nos conflitos sociais,
nos mercados, para citar alguns aspectos. Portanto, a “vida social rural” e
sua evolução adentram tais análises em todos os seus aspectos.

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