Renovação: Rotação de culturas favorece a produtividade da cana-de-açúcar.

A cana-de-açúcar é um dos destaques da produção agrícola do Brasil. Com números muito expressivos como os da previsão da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que aponta para uma produção total de 651,5 mil toneladas na safra 2010/11, a cultura representa uma das forças motrizes do agronegócio nacional. E isso não só pelo excepcional volume de produção, mas, principalmente, por sua polivalência.

Importante fonte de biocombustível, a cana viveu um verdadeiro boom na última década, ganhando espaço em pequenas, médias e grandes propriedades. Se este crescimento fortaleceu, de um lado, o agronegócio brasileiro e acrescentou um elemento de peso ao leque de matrizes energéticas mundiais, de outro, aqueceu o debate sobre produção de cana em larga escala e sobre os possíveis danos causados ao meio ambiente.

Para Denizart Bolonhezi, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA), o sistema de rotação em áreas de renovação do canavial é uma alternativa simples que não é só eficiente, mas também bastante vantajosa para o produtor.

"Se tomarmos como base o princípio do desgaste, não será complexo compreender que a depois de plantios sucessivos, em algum momento, este cultivo começará a apresentar problemas relacionados à produtividade e até mesmo à qualidade. No contexto atual da das lavouras de cana, a rotação ou cultivo intercalado com oleaginosas ou com adubos verdes, por exemplo, representa a prática cultural com a melhor relação custo benefício, principalmente em função do fornecimento de nitrogênio. Todavia, a fim de evitar problemas e a consequente retração da sua adoção, é imprescindível conhecer bem as características da espécie, utilizar sementes de qualidade e semear no momento e condições mais indicadas", explica o pesquisador.

De acordo com o especialista, para que a reforma de área seja bem-sucedida, primeiramente o produtor deve levar em conta alguns critérios como o histórico de produtividade do talhão, a necessidade de substituição de genótipos, a ocorrência de problemas fitossanitários, a necessidade de correção, da fertilidade e da compactação do solo e a perspectiva de aumento dos lucros frente aos custos de implantação. "Embora o ideal seja reformar pelo menos 15% dos canaviais para manter bons patamares de produtividades, devido aos custos da renovação, a média nacional está em torno de 8,2 % da área cultivada. Parte desta área é destinada para o cultivo de leguminosas comerciais, um expressivo percentual fica em repouso e aproximadamente 300 mil hectares são utilizados com adubação verde", afirma Bolonhezi.

Para o pesquisador, esta expressiva área ocupada com adubação verde deve-se, entre outros fatores, aos baixos custos de manutenção. "Avaliando de forma bastante ampla, a utilização de adubos verdes representa uma ferramenta importante para o controle da erosão em cana-de-açúcar, pois normalmente as espécies utilizadas apresentam crescimento inicial rápido, permitindo eficiente cobertura do solo. Este benefício é extremamente importante em solos argissolos que, em razão da declividade acentuada e da menor infiltração de água sofrem com o assoreamento de sulco e a necessidade de replantio. Outra característica que devemos salientar é a de que, em relação às leguminosas comerciais, as espécies de adubos verdes fornecem quantidades muito maiores de nitrogênio, enquanto exigem um número de intervenções relacionadas ao manejo".

De acordo com Bolonhezi, apesar da grande discussão que se criou em torno da vocação das áreas de reforma, há que se considerar uma série de fatores que impactam sobre a decisão do produtor.

"Não existe hoje uma orientação sobre a utilização da área de renovação com essa ou aquela cultura. É legítimo falar na utilização de reformas para o plantio de culturas como soja e amendoim, no entanto, se pensarmos nas necessidades para o manejo destas culturas perceberemos que, da mesma forma, é legítimo que o produtor procure soluções menos onerosas, uma vez que os tratos culturais de determinadas culturas acabam pesando no bolso", explica o pesquisador, salientando que uma solução viável seria o arrendamento temporário, ou a aproximação com outros produtores para o plantio de culturas que, além de auxiliar o solo, comprovadamente, encontrariam mercado.

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