RESÍDUOS EM REVISTA

Sob a coordenação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA está em curso o Programa de Monitoramento de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – PARA.
Em 2001 o projeto abrangeu coleta de amostras provenientes das seguintes culturas: Alface, Banana, Batata, Cenoura, Laranja, Maçã, Mamão, Morango e Tomate.
A maior parte das amostras foram coletadas em supermercados e ceasas, sempre que possível com anotações que permitissem a rastreabilidade da origem. As equipes foram treinadas para uma coleta em padrões homogêneos, com critérios pré-estabelecidos e acondicionamento adequado para suportar o transporte até os laboratórios.
Foram 86 ingredientes ativos pesquisados nas amostras, através do sistema de multiresíduos. As análises foram efetivadas em quatro Estados: São Paulo (Instituto Adolfo Lutz - IAL), Minas Gerais (Instituto Otávio Magalhães – IOM/FUNED), Paraná (Laboratório Central – LACEN) e Pernambuco (Instituto Tecnológico – ITEP).
Em 2002, a partir de setembro, será iniciada a segunda série do Programa, já ampliada para os Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Paraíba e Pará.
O Programa tem caráter orientativo e não fiscalizatório, na medida que a partir das informações e detecção de problemas será possível investir com racionalidade nas áreas rastreadas, implementando-se projetos educativos.
Desta maneira, o governo deixa a postura estática voltada para a estupefação sempre a reboque das reclamações da sociedade para ações dinâmicas e concretas buscando a identificação e início do mapeamento nacional dos problemas.
Assim, teremos rapidamente condições de verificar com realismo em quais micro-regiões os produtos são usados de forma errônea, em dosagens acima das recomendadas ou sem respeitar o intervalo de segurança entre a última aplicação e a colheita, procedimentos que podem acarretar um nível de resíduo acima dos Limites Máximos de Resíduos – LMR permitidos. Ou, anotaremos quais os produtos utilizados em culturas sem a devida legalização do seu uso, ou seja, sem estarem registrados junto ao governo federal com os dossiês de estudos de eficácia e de estabelecimento dos respectivos Limites Máximos de Resíduos.
Na Europa existe um levantamento idêntico e os dados disponíveis do ano de 2000 mostraram que na coleta de 45.213 amostras originadas em 18 países, apenas 1.956 apresentaram resíduos acima dos LMR, ou seja, 4,3%. A amplitude em torno desta média não foi grande, pois tivemos países como a Inglaterra e a Itália com percentuais de 1,71 e 1,88 respectivamente até no máximo 10,96 (França), 10,83 (Holanda) e 11,15 (Portugal).

 Este Programa de Monitoramento de Resíduos juntamente com o Programa de Destinação Final das Embalagens Vazias colocam o Brasil na condição de nação plenamente consciente das suas responsabilidades e madura o suficiente para dar uma resposta à síndrome contra os agrotóxicos que grassa hoje e reabilitar essa ferramenta junto à população reconduzindo ao entendimento que se trata de insumo importante para a qualidade e quantidade do alimento em nossas mesas.
As autoridades brasileiras merecem o aplauso, incentivo e apoio de todos os agentes envolvidos na cadeia alimentícia

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