Surto da 'E.coli' alemã não oferece riscos ao Brasil, afirma médica.

Variação da bactéria está causando mortes na Europa.
No Brasil, existem subtipos mais brandos, que podem atacar crianças.

Quem mora no Brasil não tem motivos para se preocupar com o surto da bactéria Escherichia coli, que vem causando mortes na Europa, principalmente no norte da Alemanha, segundo a médica Ana Escobar, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas e professora de medicina na USP, que pesquisa as infecções causadas pela bactéria.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforça que não há nenhum indício de que a bactéria tenha chegado ao Brasil e não pretende restringir a importação de produtos alemães. Alimentos em conserva podem ser consumidos normalmente, pois passam por processos que eliminam as bactérias – acidificação, pasteurização, refrigeração ou adição de conservantes.

A E. coli tem várias cepas, ou sorotipos, que nada mais são que subtipos, variações dentro da espécie. Na maior parte das vezes, esses subtipos são inofensivos. A bactéria normalmente é encontrada no intestino dos seres humanos e dos animais.

Há, no entanto, cepas que provocam problemas de saúde, inclusive no Brasil. A mais conhecida é a O157:H7, que pode causar complicações em crianças.

A variação que está causando mortes na Europa se chama O104:H4. Ela causa os mesmos males que a cepa que já era conhecida, mas é bem mais agressiva. Por isso, está atacando também adultos e provocando problemas tão sérios.

A bactéria provoca lesões na parte de dentro do intestino que fazem com que saia muito sangue nas fezes. Por isso, essa variação também é conhecida como E.coli entero-hemorrágica (EHEC, na sigla em inglês).

Ela pode produzir ainda uma toxina chamada Shiga ou verotoxina, o que justifica suas outras nomenclaturas: E. coli produtora de verotoxina (VTEC) e E. coli produtora de toxina Shiga (STEC). Essa toxina provoca a quebra dos glóbulos vermelhos, o que leva à anemia, e provoca também insuficiência renal. A doença é conhecida como síndrome hemolítico-urêmica (SHU).

Um agravante da EHEC é o fato de que os antibióticos não podem combater seus efeitos. Os sintomas surgem entre três e oito dias após a transmissão. Por isso, quando se descobre a doença, a toxina já se espalhou.

“Quando uma cobra pica uma pessoa, não adianta matar a cobra, deve-se combater o veneno. Com essa bactéria, é a mesma lógica”, compara Ana Escobar.

Longe do Brasil
A especialista afirma também que a bactéria encontrada no Brasil não é transmitida pelo ar. Sua transmissão se dá pela alimentação. Entre pessoas, a única forma de transmissão é a fecal-oral: a bactéria é expelida nas fezes e, por falta de higiene, pode ficar nas mãos e, eventualmente, ser ingerida por outra pessoa.

Por isso, a principal recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária é lavar bem as mãos depois de ir ao banheiro ou entrar em contato com animais e antes de tocar quaisquer alimentos. O procedimento não é específico para a bactéria, serve para evitar a contaminação por alimentos em geral.

Frutas e vegetais devem ser bem lavados, principalmente se forem consumidos crus. Para evitar a transmissão da EHEC, o único meio garantido é cozinhar os alimentos à temperatura de 70ºC.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/06/surto-da-ecoli-alema-nao-oferece-riscos-ao-brasil-afirma-medica.html

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