A globalização e o Mercosul

Uma vez que os mercados estão cada vez mais inter-relacionados e que
as empresas precisam manter-se competitivas em nível internacional, apresenta-
se uma discussão sobre a globalização e o Mercosul, o que possibilitará
a compreensão das suas repercussões sobre as estratégias adotadas pelas
empresas.
A economia mundial vem passando, desde o pós-guerra, por sucessivas
transformações, aumentando a internacionalização da produção e dos mercados.
A revolução tecnológica, iniciada em meados da década de 70, ocasionou
mudanças significativas, com reestruturações das atividades produtivas e de
serviços, modificações nas estruturas das organizações, na comercialização
de bens e serviços e no próprio comportamento humano.
A abertura das economias e a assinatura de inúmeros acordos de natureza
econômico-comercial entre países estimularam a expansão dos fluxos de
comércio entre empresas de diferentes segmentos industriais, pela existência
de vantagens comparativas entre países, principalmente das relações intra-
-indústria, baseadas nas vantagens da produção em larga escala realizada entre
países com dotação similar de fatores. Também aumentaram sobremaneira os
fluxos internacionais de capitais, de investimentos de risco e de tecnologias,
tornando as relações políticas e socioeconômicas entre países mais
interdependentes.
Os acordos de integração podem tomar distintas formas, aumentando seu
nível de complexidade a partir das áreas de tarifas preferenciais, passando por
zonas de livre-comércio, como a Associação das Nações do Sudoeste Asiático
e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte — North American Free Trade
Agreement —, pelas uniões aduaneiras, como o Mercosul e a Comunidade
Andina, os mercados comuns e, finalmente, as uniões econômicas, como a
União Européia (Ball; Mcculloch, 1996; Cateora, 1996; Jeannet; Hennessey,
1995; Robson, 1985).
A dinâmica da integração leva a que, quanto mais se avança, mais complexas
se tornam as negociações, e maiores são os desafios. O incremento das
trocas comerciais e a crescente interdependência das economias aumentam a
possibilidade de fricções, exigindo negociações e renegociações contínuas, pois
modificações nas políticas internas dos países-membros podem alterar as
condições de competitividade intrazona. Entretanto os membros de um bloco,
ao adotarem uma política externa comum e coordenarem posições conjuntas
em foros internacionais, aumentam seu poder de negociação e diminuem sua
vulnerabilidade frente a concorrentes externos.
Os acordos regionais, como o Mercosul, foram incrementados como uma
forma defensiva ante as condições de concorrência mundial, como uma alternativa
de adaptação e fortalecimento dos países para fazer frente ao processo de
globalização. Mas, ao eliminarem parte das barreiras existentes entre países,
tornaram-se importantes instrumentos dinamizadores da globalização.
Destarte, a globalização e os blocos econômicos desenvolvem-se
paralelamente e, apesar de terem contornos aparentemente contraditórios, partem
de um mesmo pressuposto: o pleno desenvolvimento das forças produtivas de
um país depende dos relacionamentos de interdependência que são estabelecidos
com outros países.

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