V FÓRUM DO ARRANJO PRODUTIVO LÁCTEO

Postado em 10/3/11, às 7h31

Da Agência Sebrae de Notícias (ASN Goiás)

O V Fórum do Arranjo Produtivo Lácteo da Microrregião de São Luís de Montes Belos, promovido na tarde desta quinta-feira (24/02) em Firminópolis, distante 118km de Goiânia, reuniu lideranças políticas, proprietários rurais, produtores, técnicos e consultores que atuam no Arranjo Produto Local (APL), composto também pelos municípios de Adelândia, Aurilândia, Buriti de Goiás, Cachoeira de Goiás, Córrego do Ouro, Fazenda Nova, Ivolândia, Moiporá, Mossâmedes, Nazário, Novo Brasil, Palminópolis, Paraúna, Sanclerlândia, São João da Paraúna, e Turvânia.

Na oportunidade, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás) apresentou o relatório de pesquisa ‘Projeto Arranjo Produtivo Lácteo - Bacia Leiteira Oeste Goiano'. O estudo, resultado da análise de 540 propriedades rurais dos 18 municípios que compõem o APL, mostrou que 59% dos produtores não participaram de nenhum curso técnico nos últimos dois anos, 62% não fazem o planejamen­to financeiro da propriedade e 70% não têm acesso à consultoria e assistência técnica.

A pesquisa revela com detalhes o perfil socioeconômico e os aspectos da produção da bacia leiteira. Dividida em quatro grupos, aborda a identificação do produtor (formação escolar, participação em capacitações), a administração (planejamento da pro­priedade), a produção e a qualidade do leite.

Para o diretor Técnico do Sebrae estadual, Wanderson Portugal, o estudo pretende ser uma espécie de marco-zero para a produção regional. "De posse dos resultados, o Sebrae, seus parceiros institucio­nais e, principalmente, os produtores, podem traçar novas estratégias para aperfeiçoar ainda mais o setor", explica. "Estamos na fase de fazer o produtor rural sentir que realmente faz parte do APL, ter os benefícios das ações do arranjo", destaca o diretor.

Segundo Wanderson, a pesquisa identificou, por exemplo, que a produtividade leiteira local está prejudicada pela falta de assistência técnica ao produtor. "Outra parceria do Sebrae Goiás, o Projeto Tanque Cheio, em Quirinópolis (GO), no Sudoeste do Estado, apresenta produtor que já consegue média dobrada de litros de leite por dia, em relação à bacia do Oeste goiano, justamente por que a tecnologia se faz presente na produção", observa.

Capacitação

Para ser ter uma idéia da comparação feita por Wanderson, em Firminópolis o produtor rural Adélio Antônio Magalhães, 52 anos, tira cerca de oito litros de leite por dia de cada uma de suas 35 vacas produtoras, em sua Fazenda Boa Esperança (seis alqueires, distante 6km da cidade). "Até o ano que vem, a média de produção deve ficar em torno de 10 litros diários para cada vaca", estima Adélio.

Enquanto isso, distante 38km de Quirinópolis, nos cinco alqueires da Fazenda Reino Encantado, o produtor Antônio Ferreira Pinto, 49, viu a produtividade leiteira quadruplicar, depois que passou a integrar o Tanque Cheio: "Agora, cada uma das 65 vacas leiteiras da propriedade produz aproximados 16 litros de leite por dia", comemora. "É o ‘milagre' da assistência técnica que produz progresso", reflete Wanderson.

Mas, Adélio também tem motivos para celebrar o seu trabalho no campo, após integrar ao APL Lácteo do Oeste goiano. "Antes, eu tirava leite de forma manual, hoje já temos ordenhadeiras, melhoria genética (inseminação bovina), tanque resfriador (mil litros), cilagem, conhecimento para o manejo de pastos e parceiro para comprar a produção", conta o produtor, que recebe a ajuda da mulher e dois filhos nos afazeres de sua propriedade.

Dedicar para transformar

Responsável pela análise e acompanhamento da pesquisa, o consultor Waldson Caetano Costa explica que o documento teve base em 15 municípios integrantes do arranjo produtivo, onde foram selecionados os 30 produtores "mais dedicados" de cada cidade. Segundo Waldson, a preocupação de Wanderson se justifica, ao mostrar que a produção leiteira do Oeste/Noroeste de Goiás tem pouca tecnologia empregada em propriedades rurais. "Na região, 83% dos produtores fazem a ordenha manual, e 63% não fazem controle dos custos produtivos", revela.

Waldson entende que "a realidade é dura", mas instrumento para transformações. O consultor explica que o produtor rural envolto ao APL está aberto à tecnologia de produção.

Mayanny Carla de Carvalho, 23, professora do Curso Técnico em Bovinocultura Leiteira, que serve ao arranjo em São Luís de Montes Belos, dá uma noção da fala de Waldson. "Em casa [na fazenda da família], meu pai é um pouco ‘cabeça-dura', mas já aceita minhas opiniões sobre o modo de produzir leite".

Mayanny faz parte de outra possível ‘dura realidade' apontada pela pesquisa: dos 425 produtores de leite pesquisados (idade média de 44 anos), apenas 17 são mulheres (4% do total). Mesmo assim, a professora acredita numa reviravolta feminina no trabalho campestre. "A valorização da mulher rural têm refletido nos cursos superiores da área, como Zootecnia. Na Universidade Estadual de Goiás (UEG), em São Luís de Montes Belos, dos 21 alunos do curso, oito são mulheres", destaca.

São parceiros no APL Agência Goiânia de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Associações de Produtores Rurais, Banco do Brasil, Colégio Estadual Américo Antunes (CEAA), Embrapa Gado de Leite (CNPGL), Faculdade Montes Belos (FMB), Prefeituras Municipais, Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abasteci­mento do Estado de Goiás (Seagro), Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), Sindicatos Rurais e de Trabalhadores Rurais, Universidade Estadual de Goiás (UEG).

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