Publicação sobre Boas Práticas de Manejo para a aquicultura é disponibilizada pela Embrapa
A adoção de Boas Práticas de Manejo
(BPM) é uma das estratégias mais eficientes para reduzir eventuais
impactos ambientais negativos causados pelos sistemas de produção de
peixes, camarões e outros organismos aquáticos. Sua finalidade é
contribuir para a melhoria da qualidade da água e dos índices de
desempenho zootécnico de forma a aumentar a produtividade e a
rentabilidade da produção em viveiros escavados e em tanques-rede, e
também atender as demandas da Lei 12.651, de 25 de maio de 2012,
conhecida como novo Código Florestal.
Por isso, explica o
pesquisador Julio Queiroz, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP),
foi elaborada a Circular Técnica 25, disponibilizada pela Embrapa, que
busca indicar um conjunto de BPM para monitoramento e manejo da
qualidade da água em viveiros escavados e reservatórios. "As BPM
indicadas nessa Circular Técnica foram atualizadas a partir da síntese
de vários trabalhos de modo a contribuir de forma prática e objetiva
para a melhoria da produção de peixes.
Algumas das BPM propostas
são resultantes de projetos de pesquisa conduzidos pela Embrapa Meio
Ambiente em parceria com outras Unidades no âmbito do Projeto
Aquabrasil, assim como com outras instituições de fomento, ensino e
pesquisa (FINEP, CNPq, APTA – Polo Regional do Leste Paulista).
Ainda conforme o pesquisador, a base desses trabalhos foi um amplo
estudo realizado nos Estados Unidos, com apoio do United States
Department of Agriculture/Environmental Protection Agency (USDA/EPA), e
em outros países, sob a supervisão do professor Claude Boyd da Auburn
University, EUA. O objetivo sempre foi avaliar a sustentabilidade da
produção de peixes e camarões a fim de identificar e propor BPM para
assegurar a competitividade e sustentabilidade da aquicultura.
Normalmente, as BPM propostas para assegurar o manejo adequado dos
viveiros e outros sistemas de produção aquícola incluem o uso correto de
fertilizantes, rações, materiais para calagem e terapêuticos e, ainda,
medidas de emergência em resposta a baixas concentrações de oxigênio
dissolvido que causam grandes mortalidades. "O descarte de peixes e de
camarões mortos se destaca como uma das questões sanitárias de maior
relevância e deve ser tratada com a devida importância", destaca
Queiroz. "Nesse sentido, toda a propriedade onde é feita a produção deve
ser mantida em ordem, segura e de forma ambientalmente responsável.
Inclui aí questões fundamentais, como por exemplo, o projeto da
infraestrutura de produção visando a boa conservação da bacia
hidrográfica e o uso racional dos recursos hídricos, a utilização de
locais adequados para armazenamento de insumos e depósito de
equipamentos, tanques para armazenamento de combustíveis e instalações
para eliminação de resíduos".
É importante observar que em
locais onde o meio ambiente está muito degradado – água e solo
contaminados por agrotóxicos; bacias hidrográficas com várias áreas sem
proteção de cobertura vegetal e avançado processo erosivo, barrancos e
ravinas bem acentuados; lagos, reservatórios e viveiros eutrofizados e
com alta turbidez - esses locais apresentam muitas restrições
relacionadas à qualidade da água e do solo, mas não impossibilitam que a
criação de peixes ou de outros organismos aquáticos não possa ser
realizada com sucesso.
Para o pesquisador, "um projeto de
aquicultura poderia servir como fonte de recuperação de um ambiente
degradado se os seus efluentes - ricos em nutrientes – pudessem ser
utilizados para recompor essas áreas com árvores nativas, culturas
apropriadas, paisagismo, entre outros. Por outro, lado desde que os
custos de implantação não sejam economicamente inviáveis, é possível
recobrir o fundo e os diques de viveiros escavados com filmes de PVC ou
outros materiais similares".
Além das características do local, é
preciso considerar outros aspectos importantes que irão afetar
diretamente os índices da produção, como a seleção da espécie, a
densidade de estocagem, o uso e a aplicação de insumos para controle da
acidez do solo e da água, e também da quantidade de fertilizantes e
rações. Obviamente, quando são utilizadas rações comerciais, a
quantidade diária deverá ser determinada em função da densidade, das
trocas de água, da quantidade de aeradores e dos métodos de arraçoamento
e manejo alimentar utilizados. A maneira como os peixes serão retirados
dos viveiros também irá afetar a qualidade da água e dos efluentes.
Peixes estressados irão se alimentar menos e crescer mais lentamente.
Além disso, estão mais susceptíveis a doenças. A qualidade da água dos
sistemas de produção aquícola é determinada, em primeiro lugar, pela
condição da fonte utilizada para abastecimento, e como a sua qualidade
se altera em decorrência da adição de insumos e nutrientes aos viveiros e
reservatórios. Nesse sentido, é importante dar ênfase ao monitoramento
das fontes de abastecimento para assegurar sua qualidade e,
simultaneamente, realizar o manejo adequado dos sedimentos do fundo dos
viveiros e reservatórios.
"Obviamente, as BPM contribuirão para a
conservação dos recursos naturais e para a redução da descarga de
resíduos para o meio ambiente promovendo, portanto, a manutenção da
qualidade nos corpos de água adjacentes aos sistemas de produção
aquícola. A adoção dessas BPM deve ser vista pelos produtores como uma
ação proativa que resultará na redução de impactos ambientais negativos,
ao contrário de ser entendida como uma despesa extra", acredita
Queiroz.
A Circular Técnica 25 pode ser acessada emhttps://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1056919/boas-praticas-de-manejo-bpm-para-a-aquicultura-em-viveiros-escavados-e-em-reservatorios
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