O Pulgão na Cultura do Milho

                                                         

Milho, Pragas, Manejo, Doenças


Por Tiago Hauagge¹

Já não é novidade que o milho safrinha vem ganhando força em todo território nacional a cada ano que passa. Muitas áreas em que no passado não se cogitava a semeadura da cultura para a safrinha, já estão sendo cultivadas, e o sucesso em produtividade está atraindo, a cada dia, mais produtores para este cenário. Devido a grande diversidade de épocas de semeadura no Brasil, o milho permanece no campo praticamente durante todo o ano, acarretando em maior pressão de doenças e insetos-praga que podem contribuir para redução de área foliar, trasmissão de doenças, danos na planta e quedas em produtividade.

Embora a natureza tenha a maior influência sobre o ambiente em que a cultura se desenvolve, produtores e assistência técnica podem manipular parte disso através de práticas diferenciadas de manejo, com o objetivo de minimizar os prejuízos causados por doenças e pragas. Como sabemos, a cultura do milho, ao contrário de outras culturas como a soja, por exemplo, é cultivada com um número menor de plantas por unidade de área. Em virtude disso, a contribuição de uma planta/espiga para a produtividade final é de extrema importância para a colheita. Pensando assim, é preciso ter extrema atenção no momento de implantação da cultura (plantabilidade) e garantir a manutenção do estande final de plantas, o que engloba diversos fatores, como a ocorrência de insetos-praga, por exemplo. Um inseto-praga que tem aparecido com certa frequência nas lavouras de milho neste ano, é o Pulgão-do-milho (Figura 1).




O Pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis) é representado por insetos, com ou sem asas, que vivem em colônias onde não há presença de machos. Possuem corpo alongado de coloração amarelo-esverdeada ou azul-esverdeada, com um tamanho entre 0,9 e 2,2 mm de comprimento. As formas aladas, que apresentam asas hialinas transparentes, são menores que as formas ápteras. O ciclo biológico desta espécie varia em torno de 20 e 30 dias e cada fêmea origina em média 70 novos pulgões. Fêmeas não aladas têm maior progênie (até 80 ninfas) enquanto que as fêmeas aladas se reproduzem em menor número (até 50 ninfas).

Pelo fato de não precisarem de machos para o processo de reprodução, os pulgões-do-milho se reproduzem assexuadamente (partenogênese telítoca), ou seja, as próprias fêmeas dão origem a novas fêmeas. Os pulgões não ovipositam, desta forma, as ninfas já saem do corpo da mãe praticamente formadas. Este processo possibilita um rápido crescimento populacional (Figura 2) uma vez que a reprodução pode ser contínua dependendo do clima e uma nova geração pode acabar ocorrendo a cada semana dependendo da temperatura.




A rapidez de desenvolvimento das ninfas, o número da progênie e a longevidade do adulto são grandemente influenciados pela temperatura que, quanto mais alta for, mais promoverá o desenvolvimento das ninfas. A temperatura ótima para o desenvolvimento das ninfas fica entre 10°C e 35°C. Períodos de baixa umidade ou temperaturas acima/abaixo desses limites interrompem o desenvolvimento das ninfas.

O pulgão-do-milho é um inseto sugador de seiva do floema e apresenta aparelho digestivo provido de uma estrutura chamada câmara filtro, cuja função é reter os aminoácidos circulantes na seiva e eliminar o excesso de líquido absorvido, usualmente rico em açúcares. Estes insetos, não introduzem toxina durante sua alimentação, e quando se alimentam em grandes colônias, eliminam uma boa quantidade do excremento açucarado (honeydew), que ao cair nas folhas favorece o desenvolvimento de fungos, os quais formam uma camada escura sobre as mesmas (Fumagina), contribuindo para a redução da taxa fotossintética da planta.

Além de sugarem seiva da planta e contribuírem para a formação de fumagina sobre as folhas, os pulgões também são vetores de diversos vírus que podem atacar a cultura, como por exemplo, o Mosaico comum do milho (Figura 3), doença que se manifesta com pontos cloróticos nas folhas e, com o tempo, evolui para manchas em verde claro mescladas com áreas normais da folha.
 
 
Qualquer planta de milho (genética) pode ser atacada por pulgão, sendo que os maiores danos são observados no período de pendoamento da cultura, causando falhas na polinização e o aparecimento de espigas estéreis ou incompletas. Em plantas totalmente atacadas, pode-se observar a murcha, encarquilhamento e clorose das folhas (Figura 4). A colônia de pulgão também pode, em alguns casos, cobrir todo o pendão, pedúnculo e folhas próximas, impedindo a liberação do pólen (Figura 5). Além disso, em condições de estiagem, há o acúmulo da substância açucarada excretada pelos pulgões, a qual se deposita sobre os estigmas (cabelos da espiga) impedindo a entrada dos grãos de pólen.
 



Os insetos alados aparecem como resposta às mudanças no clima, na densidade populacional e, dependendo das características, da planta hospedeira. Geralmente, a população de insetos alados aumenta em estações chuvosas e em situações de alta pressão de insetos. O surgimento de insetos alados permite que, em situações de alta pressão, as fêmeas voem para plantas ainda não infestadas e iniciem uma nova colônia (Figura 6).
 
 


Métodos de controle do Pulgão-do-milho
  • Controle Natural: Dentre as pragas do milho, o pulgão pode ser a mais sensível a um desequilíbrio biológico. Geralmente têm grande número de inimigos naturais, como parasitóides (Aphidius sp.), predadores (joaninhas, larvas de sirfídeos, tesourinha e crisopídeos) e doenças fúngicas. Os parasitóides colocam seus ovos em ninfas de pulgões, fazendo com que os pulgões atingidos tornem-se “múmias”.
  • Monitoramento e escolha de híbridos: Um diagnóstico precoce da presença da praga na lavoura é uma estratégia eficaz para o seu controle, pois um bom manejo pode evitar altas populações. Além disso, a escolha de híbridos que sejam menos sensíveis ao ataque da praga pode gerar bons resultados.
  • Controle Químico: Pulverizações aéreas com inseticidas a base de neonicotinóides tem demonstrado resultados expressivos em nível de campo, porém, é preciso sempre respeitar o intervalo de carência. Tais aplicações se justificam se o nível de infestação da praga for elevado (mais de 100 pulgões/planta) em um percentual expressivo de plantas/hectare. Estresse hídrico e baixa umidade podem potencializar os danos.




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¹ Agrônomo de Campo na DuPont Pioneer

Referências:
SILVA, O. C. da; SCHIPANSKI, C. A. Manual de Identificação e Manejo das Doenças do Milho. 3ª ed. Castro: Fundação ABC, 2011
IOWA STATE UNIVERSITY. Corn Field Guide. 2009. Disponível em http://www.agronext.iastate.edu/corn/docs/corn-field-guide.pdf, acesso em 12/04/2016 às 07:50.
SABATO, E. de O; PINTO, N. F. J de A.; FERNANDES, F. T. Identificação e Controle de Doenças na Cultura do Milho. 2ª ed. Brasília: Embrapa, 2013.
CRUZ, Ivan. Manual de Identificação de Pragas do Milho e de seus Principais Agentes de Controle Biológico. Brasília: Embrapa, 2008.

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