No Paraná, um programa de treinamento ajuda pequenos agricultores a se transformarem em em Empreededores Rurais
Empreendedor Rural 18.04.2010
No Paraná, o programa de treinamento ajuda pequenos agricultores a se transformarem em empresários de sucesso.
Você já teve alguma idéia, queria colocar em prática, mas não sabia como?
Pois tem muito agricultor por aí com a cabeça cheia de projetos sem saber como transformá-los em realidade.
Pra ajudar quem está nessa situação, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, criou um programa, que você vai conhecer agora. A reportagem é da Ana Dalla Pria e do Jorge dos Santos.
Essa é Bandeirantes, cidade tranquila, no norte do Paraná. Com cerca de 30 mil habitantes, o lugar é famoso por sua universidade, que abriga uma das mais tradicionais faculdades de agronomia do estado.
Toda quinta-feira, no fim da tarde, a pracinha do centro da cidade ganha um movimento diferente. Enquanto o sol vai baixando, barracas vão subindo e tomam conta da rua. Em pouco tempo, surge a feira da lua, repleta de comida gostosa, bebida, peças de decoração:
Além de mão boa para a comida e para o artesanato, as feirantes têm mais uma coisa em comum: são todos agricultores que fazem parte de um projeto do Senar, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, que já ajudou milhares de pequenos produtores do Paraná a se transformarem em empresários, o programa Empreendedor Rural.
O empreendedor rural é um curso, feito em três etapas com duração de um ano. Ele começou no Paraná em 2003 e já formou mais de 14 mil agricultores. Gente que se reúne uma vez por semana, como uma turma de Ortigueira, outra cidade do norte do estado.
Marcicley Misnerovicz é uma das alunas. Vive com a família num pequeno sítio: “Eu estou fazendo o curso para conseguir ter uma renda melhor no sítio”, diz.
Quem faz o curso, geralmente já tem uma idéia na cabeça, mas não sabe como colocá-la em prática: “Eu quero aprender mais, para organizar o trabalho e diversificar a produção”, diz Alexandre da Silva, criador de abelhas.
Assim como o Alexandre, muitos produtores de Ortigueira lidam com abelha. Todo mundo quer melhorar o negócio, conquistar novos mercados. E o empreendedor rural ajuda o agricultor a transformar essas idéias em projetos. De um jeito bem profissional, como explica o agrônomo Élcio Chagas, gerente técnico do Senar, no Paraná.
“Uma nova ideia surge a partir de um diagnóstico que o agricultor faz na propriedade dele. É muito melhor ele perder tempo e lápis do que gastar seu dinheiro e ele ter o recurso retornando para o bolso”, explica Élcio Chagas, agrônomo do Senar.
Ao longo do curso, com a ajuda dos instrutores, cada um vai descobrindo o que sabe fazer melhor, o que é mais fácil vender na sua região, onde está e quanto custa a tecnologia necessária pra se começar um novo negócio ou melhorar a atividade que o agricultor já desenvolve.
Tudo isso tem que ser colocado no papel na forma de um projeto. Foi assim que surgiu a idéia da feira da lua, de Bandeirantes. O grupo fez o curso em 2007 e já no ano seguinte, a idéia virou realidade, como conta Adriane Lima, uma das fundadoras da feira:
“Comecei a verificar que as feiras das cidades vizinhas faziam sucesso com a população de Bandeirante, Todos iam visitar. Aí comecei a ter a ideia de montar a feira da lua, que se transformou em um ponto de encontro, um ponto de bate papo, um lugar bem descontraído”, diz.
Ruth Shinozaki é outra fundadora da feira da lua. Junto com o marido, Jorge, e com o cunhado, o Hélio, ela toca a propriedade da família. Aprendeu na prática, como uma boa idéia pode mudar a vida de todos.
Jorge é agrônomo. Durante anos só trabalhou com café, até que a crise no setor fez com que com ele fosse procurar uma vida melhor na terra de seus antepassados: o Japão. O casal viveu por lá durante 13 anos, fez um pé de meia e na volta decidiu vender parte da propriedade, e aplicar o dinheiro na diversificação. Hoje, além do café, eles trabalham com frango de corte e com a produção de verduras em estufa.
“Esse investimento valeu, nos dá um bom rendimento. A ideia surgiu através do curso do Senar. Daí é que a gente abriu a visão para modificar a atividade”, contam Jorge e Ruth Shinozake, agricultores.
Ruth só deixa o trabalho na roça no dia da feira. Vai pra cozinha, preparar os ingredientes usados na barraca de comida japonesa.
Na feira, os pratos japoneses ganham a companhia de pastéis, batatas recheadas, espetinhos, embutidos. Cada um prepara o que sabe fazer melhor, um cardápio que engorda o orçamento dessas famílias.
Hoje, a feira da lua já é uma tradição em Bandeirantes, agrada todo tipo de freguês. O pessoal da feira trabalha em grupo, mas muita gente que fez o empreendedor rural decidiu investir num negócio individual.
Geléia de morango, conserva de pimenta, viveiro de mudas. Na próxima reportagem você vai ver como um bom projeto foi capaz de mudar a vida de quem não tinha terra nem dinheiro
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